14 de janeiro
todo o santo dia bateram à porta. não abri,
não me apetecia ver pessoas, ninguém.
escrevi muito, de tarde e pela noite dentro.
curiosamente, hoje, ouve-se o mar como se estivesse dentro de casa.
o vento deve estar de feição.
a ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me.
desconfio que se disser mar em voz alta,
o mar entra pela janela.
sou um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer.
que mais posso desejar?
e no entanto, não estou alegre nem apaixonado.
nem me parece que esteja feliz.
escrevo com um único fim: salvar o dia.
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