sexta-feira, 31 de outubro de 2008

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pode já não ser novidade mas dá que pensar...
(só hoje é que percebi aquela tua sms guapita :P)

GPS

Deu por si a pensar ...tenho saudades de quando sabia sempre o caminho,de quando era o homem do leme, o timoneiro, e era o pilar que suportava tudo, e que era forte para tomar decisões, e que sabia sempre a atitude certa a tomar. não precisava de pensar muito para que as respostas fluissem e a escolha fosse a mais acertada.saudades do sorriso genuino e natural,do brilho nos olhos, da perspicácia e força de outrora...deu conta que afinal talvez fosse como o carvalho do La Fontaine...deu conta do seu extremo cansaço...issimo, issimo cansaço...

Talvez o tempo e lhe trouxesse um GPS

29 de Outubro

ora aqui está um dia que eu gostava que se escondesse no calendário...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

lies, lies

Para quando um regresso a terras lusas?

(...)
People say that your dreams
are the only things that save ya.
Come on baby in our dreams,
we can live on misbehavior.
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Lies, lies!
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes
Every time you close your eyes

(...)
Now here's the sun, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the moon, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the sun, it's alright!
(Lies, lies!)
Now here's the moon it's alright
(Lies, lies!)
Every time you close your eyes
Lies, lies!


Arcade Fire-Rebellion lies

memories

há quanto tempo...

somebody that i used to know


I had tender feelings that you made hard
But it's your heart, not mine, that's scarred
So when I go home I'll be happy to go
You're just somebody that I used to know
You don't need my help anymore
It's all now to you, there ain't no before
Now that you're big enough to run your own show
You're just somebody that I used to know
I watched you deal in a dying day
And throw a living past away
So you can be sure that you're in control
You're just somebody that I used to know
I know you don't think you did me wrong
And I can't stay this mad for long
Keeping ahold of what you just let go
You're just somebody that I used to know

Elliot Smith

domingo, 26 de outubro de 2008

Given to Fly

Outono

Uma já ténue luz de Outono entrava tardiamente na minha sala lembrando-me da hora de Inverno.
Como que emoldurada na minha janela via uma luz maravilhosa que pintava a igreja da ermida em tons de laranja.
As folhagens circundantes tingiam-se de vermelhos e castanhos...
As aves na labuta do final do dia recolhiam-se agora nas àrvores...
Saudade...

Fado de Coimbra nº 4

(...) não vem ao acaso dizer que sinto frio
se amanheço ao teu lado e tu não estás
e escrevo um poema que ninguém ouviu
com as palavras que não sou capaz
Não vem ao acaso dizer que ainda te espero
como quem espera um filho que morreu
digo que te desejo e não te quero
digo que não te quero e não sou eu...


António Lobo Antunes
Letrinhas de Cantigas


CSS de regresso a Portugal

Depois de um concerto memorável no Lux e de um mediocre em Paredes de Coura, ainda não decidi se vou ou não dar-lhes o beneficio da dúvida no Coliseu na próxima terça-feira...Dizem que à terceira é de vez... e a mana já tratou dos bilhetes... :)

para abrir o apetite...
http://www.fabchannel.com/css_concert/2007-04-10/


Hoje eu nao vou sair de casa
Hoje eu nao pisar na rua
Hoje eu nao quero ver pessoas
Nao vou sair de casa
Hoje eu nao quero ver a rua
Hoje eu nao quero confusao
Hoje eu nao vou trocar de roupa
Nao vou sair de casa
Acho um pouco bom
Hoje eu vou ficar ouvindo musica
Hoje eu vou ficar aqui dançando
Hoje eu vou ficar aqui na minha
Eu vou ficar sozinha
Hoje eu vou ficar aqui dançando
Hoje eu vou ficar aqui dançando
Hoje eu vou ficar aqui dançando
Ah tá !
Acho um pouco bom ....


sábado, 25 de outubro de 2008

14 de Janeiro

14 de janeiro
todo o santo dia bateram à porta. não abri,
não me apetecia ver pessoas, ninguém.
escrevi muito, de tarde e pela noite dentro.
curiosamente, hoje, ouve-se o mar como se estivesse dentro de casa.
o vento deve estar de feição.
a ressonância das vagas contra os rochedos sobressalta-me.
desconfio que se disser mar em voz alta,
o mar entra pela janela.
sou um homem privilegiado, ouço o mar ao entardecer.
que mais posso desejar?
e no entanto, não estou alegre nem apaixonado.
nem me parece que esteja feliz.
escrevo com um único fim: salvar o dia.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora

Inicia hoje na Amadora mais um Festival Internacional de Banda Desenhada.
Esta será a 19ª ediçao do mais importante festival de banda desenhada realizado por terras lusas e uma referência a nivel internacional, que este ano se dedica ao tema Tecnologia e Ficção Científica.
Mais uma sugestão para um destes fins de semana...
A não perder de vista...

Patente a partir de hoje até 9 de Novembro
Para espreitar:

Deolinda no Teatro José Lúcio da Silva

Se dúvidas havia elas ficaram esclarecidas no concerto dos Deolinda de ontem à noite no Teatro José Lúcio da Silva.
Repletos de boa disposição, os Deolinda provaram não só que são excelentes músicos mas que são exímios contadores de histórias…
Uma noite na aldeia da nossa infância!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Invisíveis

(...)
Foi então que apareceu a raposa.
- Olá, bom dia! - disse a raposa.
- Olá, bom dia! - respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.
- Estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira.
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - És bem bonita...
- Sou uma raposa - disse a raposa.
- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Não estou presa...
- AH! Então, desculpa! - disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- O que é que "estar preso" quer dizer?
- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. - De que é que tu andas à procura?
- Ando à procura dos homens - disse o principezinho. - O que é que "estar preso" quer dizer?
- Os homens têm espingardas e passam o tempo a caçar - disse a raposa. - É uma grande maçada! E também fazem criação de galinhas! Aliás, na minha opinião, é a única coisa interessante que eles têm. Andas à procura de galinhas?
- Não - disse o principezinho. Ando à procura de amigos. O que é que "estar preso" quer dizer?
- É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...
- Parece-me que estou a começar a perceber - disse o principezinho. - Sabes, há uma certa flor...tenho a impressão que estou presa a ela...
- É bem possivel - disse a raposa. - Vê-se cada coisa cá na Terra...
- OH! Mas não é da Terra! - disse o principezinho.
A raposa pareceu ficar muito intrigada.
- Então, é noutro planeta?
- É.
- E nesse tal planeta há caçadores?
- Não.
- Começo a achar-lhe alguma graça...E galinhas?
- Não.
- Não há bela sem senão...- disse a raposa.
Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...
A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.
- Eu bem gostava - respondeu o principezinho - mas não tenho muito tempo. Tenho amigos para descobrir e uma data de coisas para conhecer...
- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa. - Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito...São precisos rituais.
- O que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - respondeu a raposa. - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias e uma hora, diferente das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, têm um ritual, à quinta-feira, vão ao baile com as raparigas da aldeia. Assim, a quinta-feira é um dia maravilhoso. Eu posso ir passear para as vinhas. Se os caçadores fossem ao baile num dia qualquer, os dias eram todos iguais uns aos outros e eu nunca tinha férias.
Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...
- A culpa é tua - disse o principezinho.- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...
- Pois quis - disse a raposa.
- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou - disse a raposa.
- Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda, vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo. Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: conto-te um segredo.
O principezinho lá foi ver as rosas outra vez.
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada - disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora, ela é única no mundo.
E as rosas ficaram bastante incomodadas.
- Vocês são bonitas, mas vazias - ainda lhes disse o principezinho. - Não se pode morrer por vocês. Claro que, para um transeunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Mas, sózinha, vale mais do que vocês todas juntas, porque foi a que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi ela que eu abriguei com o biombo.. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu vi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para o pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com aminha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
- Sou responsável pela minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
(...)

excerto de O Principezinho-Antoine de Saint-Exupery

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Boca do Mundo


Ainda que não goste particularmente desta música, acho linda a letra...

Se a chama chega,
E ninguém chega à chama
De que vale arder?
Se o barco parte sem velas,
De que serve a maré?
Não se mostra o trajecto
A quem parte para se perder
Não se dá boleia
A quem precisa de ir a pé
E é como quando pensas que estás a chegar
E não deste um passo
Onde estou, nada mais pode crescer
Eu sou assim, uma fênix a arder
São só os meus erros, é toda a minha culpa
Hoje até o ar anda cansado
Preciso de um enigma
Para pôr fim ao torpor
Não sei o que me deu, não costumo estar assim
Desco a rua que passa, rente à boca do mundo
Sinto a vida que passa
E os rumores que circulam na boca do mundo
Onde estou, nada mais pode crescer
Eu sou assim, uma fénix a arder
São só os meus erros, é toda a minha culpa
E é tudo o que faço
E é todo o meu cansaço
Por fim, por fim...Onde estou, nada mais pode crescer
Eu sou assim, uma fênix a arder
Onde estou, nada mais pode crescer
Eu sou assim, uma fénix a arder
São só os meus erros, é toda a minha culpa
É tudo o que faço
E é todo o meu cansaço
E é tudo o que faço
E é todo o meu cansaço
Por fim, por fim...
Sinto a vida que passa
Na boca do mundo, não se sabe quem é quem...



mesa "a Boca do Mundo"

segunda-feira, 20 de outubro de 2008


Porque mais uma vez há coisas que não se explicam sentem...não tenho palavras para descrever o quão fantástico foi o concerto de dEUS na Aula Magna este domingo.
Numa sala mítica que não poderia ter sido melhor escolhida, a banda belga com Tom Barman como timoneiro, deixou em êxtase todos os presentes com a sua música repleta de distorção.Dos velhinhos Instant Street ou Serpentine ao fantástico Architecht foi seguramente uma noite mágica e muito muito especial...
Mais uma marca para a montanha e um momento partilhado com a minha pessoa preferida :)


Para espreitar o também fabuloso: http://www.deus.be/

Instant Street

You're probably right,
seen from your side,
that I've been lucky
but I've been meaning to crack all week.
Yes I've been involved, it never resolved into anything shocking.
Pains playing yoyo in my body as we speak.
And now I found something to look for,
but I can't decide,
'Cause I might find that to stroll behind is better than to score.
Just like I did before.
It wouldn't be true, not towards you, to say that I'm staying.
When on every single impulse, on every other move I react.
Cause in any old creek, with changing technique, you'll see me playing.
After any old motherfucking blow I'll be back.
We turned away from instant stuff
our cracking codes were breaking up
our words were sucked out it made them clean.
And after lowness say it
and after more let it be known
Our codes are grown into something mean.
You're probably right, as for tonight, you're making me nervous.
What is it you want me to be thinking of?
I'll put on a movie, I'll play something groovy as a matter of service
And I'll chuckle when you smile as a matter of love.
'Cause you know it's not my style to be giving up now.
And this pain in my side, I had enough.
This time I go for Instant Street
This life's a soulless excuse for all abuse and parenthesis.
The flyspecked windows and the stinking lobbies
they'll remain all the same, all the same.
This time I go. This time I go...

sábado, 18 de outubro de 2008

Doc Lisboa mode | on |

Um fim de semana diferente começou com uma visita ao Doc Lisboa no grande auditório da fantástica Culturgest
A escolha foi Gonzo: The Life and Work of Dr. Hunter S. Thompson,um documentário fabuloso sobre a vida e obra do controverso jornalista e escritor americano Hunter Thompson conhecido por ser contra a corrente e defensor da inexistência e chegada ao fim do "sonho americano". Este multipremidado documentário realizado por Alex Gibney,conta com a excelente narração de Jonhy Deep para todos os textos, cartas ,artigos do autor.
Para aguçar a curiosidade aqui fica o trailer...

Amigo-Alexandre O'Neil

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso de boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí, escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser,
é já uma grande festa!


Alexandre O´Neil
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.


Alexandre O'Neill

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Parabéns!!!!

:p
ora aqui está o tão aguardado Angus(Helder)Young
parabéns aos realizadores e toda a equipa de produção.
\m/

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

o essencial é invisivel aos olhos....

se haviam coisas que desde sempre a transtornavam, anjustiavam e lhe causavam uma tremenda irritação eram a injustiça e a arrogância.
não conseguiu evitar um nó na garganta e que os seus olhos de enevoassem de vermelho.
não esperara aquela atitude...não sentia que tivesse feito nada para a merecer...
sentiu-se desfalecer e arrepiar...
desculpa, articulou...sem saber muito bem de quê...seria incapaz de o fazer a alguém próximo...sabendo para mais da pressão e turbilhão de emoções dos últimos dias...

respirou fundo e continuou a sua rotina diária...amanhã seria um novo dia...

o tempo sarará todas as feridas...

So much stays unknown till the time has come.
Did you imagine you could ever be so strong?
Then watch your fear just turn into relief?
Your sea of doubt become your own belief?
Though tears don't come to cry some grief away,
The tears will help to keep your need at bay.
So come on now, come on now, child.
You're here just a while.
Come on now, come on now, child.
You're here just a while.
A mother told me just before she died
My mother told me just before she died,
Oh darling, darling, don't you be like me.
You will fall in love with the very first man you meet.
"But mama, mama, some will never know;
The love that you have is still holding my soul.
So come on now, come on now, child.
You're here just a little while.
Come on now, come on now, child.
You're here just a while.
You're here just a while...
Here just a while....
So much stays unknown till the time you are strong.
Did you imagine you could ever feel so strong,
And all your pain just turns into relief?
All your doubt becomes your own belief?
Though tears don't come to cry some grief away,
The years will help to keep your need at bay.
So come on now, come on now, child.
You're here just a while.
Come on now, come on now, child.
You're here just a while.
So come on now, come on now, child.
You're here just a while.
Come on now, come on now, child.
You're here just a while.
You're here just a while....
Here just a while....
You're here just a while
You might as well smile,
You might as well smile,
'Cause tomorrow, you just don't know.
It will pass. It's gonna pass.
It will pass in time.
It will pass in time.
It will pass.
It will pass in time.
It will pass in time.
It will pass.
It's gonna passIt's gonna pass
It's gonna pass in time.
It will pass in time
It will pass.
It's gonna pass...
It will pass in time.
It's gonna pass
It's gonna pass

nothing realy ends..

terça-feira, 14 de outubro de 2008

doclisboa

talvez uma boa alternativa para estes dias...


O doclisboa é o único festival de cinema em Portugal exclusivamente dedicado ao documentário.Em 2007, na sua quinta edição, o doclisboa apostou na capitalização do renovado interesse dos espectadores portugueses pelo documentário e conseguiu trazer às salas da Culturgest, do Cinema Londres e do Cinema São Jorge, um público muito numeroso e entusiasta. O documentário “foi assunto” e criou-se uma nova consciência da sua enorme riqueza, diversidade e potencialidades. O doclisboa apostou também na descoberta de novos territórios, na grande diversidade, e na vitalidade do cinema do real.
Em 2008 o festival tem como principais objectivos:Mostrar ao público português filmes importantes e multi-premiados internacionalmente que ainda não chegaram às salas de Lisboa;Permitir uma reflexão mais aprofundada sobre temas contemporâneos e de actualidade;Dar a conhecer de forma mais sistemática a cinematografia de outros países;Organizar debates que mobilizem o público em torno de filmes importantes e de temas transversais, presentes em várias obras.

Para saber mais:
http://www.doclisboa.org/festival.html

papoila

Onde andas tu papoila linda?

Wordsong - (Brave) Save my soul

(Brave) Save my soul

rewind...

"Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer"

Livro do Desassossego
Fernando Pessoa

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

there will be blood

Depois da sugestão de um amigo, pareceu-me uma boa opção para uma noite de sofá domingueiro.
Os meus pais vieram visitar-me(ena há quanto tempo!) e fizeram companhia...
Aos poucos tudo volta à tranquilidade.
O tempo tem o dom de sarar algumas feridas... :)

Ps: Muito bom!!!!

a menina que adorava jazz

Era uma vez uma menina que adorava jazz...
era uma vez uma menina de olhos negros e expressivos, misteriosos e capazes de esconder o que ia dentro, no coração,
era uma vez uma menina de cabelos negros e de sorriso quente e protector e sempre com uma palavra afável para dizer...
uma menina sensível e inteligente, educada...
Linda!
era uma vez uma menina que usava uma máscara para se proteger,
era uma vez uma menina que tentava levar o peso todo sozinha
uma menina que não quis gritar, ou mesmo só surrurar ajuda-me...
uma mão..."dá-me a mão, para atravessar...dá-me a mão...dá-me dá-me, dá-me que eu seguro bem…dá-me a tua mão também"
Era uma vez uma menina que adorava jazz e que me ensinou umas quantas coisas...
Menina, Mulher, forte, frágil, pequenina? Onde andas Tu?

domingo, 12 de outubro de 2008

why didn't you ask me for...HELP

Help, i need somebody,
Help, not just anybody,
Help, you know i need someone, help.
When i was younger, so much younger than today,
I never needed anybody's help in any way.
But now these days are gone, i'm not so self assured,
Now i find i've changed my mind and opened up the doors.
Help me if you can, i'm feeling down
And i do appreciate you being round.
Help me, get my feet back on the ground,
Won't you please, please help me.
And now my life has changed in oh so many ways,
My independence seems to vanish in the haze.
But every now and then i feel so insecure,
I know that i just need you like i've never done before.
Help me if you can, i'm feeling down
And i do appreciate you being round.
Help me, get my feet back on the ground,
Won't you please, please help me.
When i was younger, so much younger than today,
I never needed anybody's help in any way.
But now these daya are gone, i'm not so self assured,
Now i find i've changed my mind and opened up the doors.
Help me if you can, i'm feeling down
And i do appreciate you being round.
Help me, get my feet back on the ground,
Won't you please, please help me, help me, help me, oh

Confusion in her eyes that says it all.
She's lost control.
And she's clinging to the nearest passer by,
she's lost control.
And she gave away the secrets of her past,
and said I've lost control again,
And of a voice that told her when and where to act,
She said I've lost control again.
And she turned around and took me by the hand
And said I've lost control again.
And how I'll never know just why or understand
She said I've lost control again.
And she screamed out kicking on her side
And said I've lost control again.
And seized up on the floor,
i thought she'd die.
She said I've lost control.
She's lost control again.
She's lost control.
She's lost control again.
She's lost control.
Well I had to phone her friend to state my case,
And say she's lost control again.
And she showed up all the errors and mistakes,
And said I've lost control again.
But she expressed herself in many different ways,
Until she lost control again.
and walked upon the edge of no escape,
And laughed I've lost control.
She's lost control again.
she's lost control.
She's lost control again.
She's lost control.
I could live a little better with the myths and the lies
When the darkness broke in,
I just broke down and cried.
I could live a little in a wider line,
When the change is gone,
when the urge is gone,
To lose control.
When here we come




sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Montanhas...serranias...

"Escrever é arrumar as ideias… "
Se calhar é por isso que as minhas andam tão desarrumadas, pensou.Há quanto tempo não faço este exercício de escrever...
Deu por si a pensar que há pessoas que deixam marcas profundas nas montanhas da nossa existência.
Vêm sem darmos conta e são tão fortes! e são tão imponentes ! e sulcam que sulcam a rocha do nosso coração! e deixam marcas que ficam para toda a eternidade.
Devia ser por isso que lhe agradavam tanto as serranias…olhar para a grandiosidade em bruto…
Tentar imaginar as marcar deixadas nelas ao longo dos anos…umas mais fundas outras mais suaves, umas pequenos traços, outras rugas vincadas e constantes.
Algo nas montanhas lhe trazia tranquilidade. Ficaria uma manha inteira só…inerte!..a respirar o ar da serra e a olhar continuamente no horizonte para o meio de um nada tão cheio de emoções impossiveis de explicar...há coisas que não se explicam, sentem!
Respirar o cheiro a manhã fresca e a verde, e a terra e a traços…
Ser e ter…
Quem dera ser etérea o sufiente para ser feliz com estas coisas simples, pensou...
Fechou os olhos e deixou-se ficar ali a receber as carícias do sol.

Blakest eyes

A mother sings a lullaby to a child
Sometime in the future the boy goes wild
And all his nerves are feeling some kind of energy

A walk in the woods and I will try
Something under the trees that made you cry
It's so erotic when your make up runs

I got wiring loose inside my head
I got books that I never, ever read
I got secrets in my garden shed
I got a scar where all my urges bled
I got people underneath my bed
I got a place where all my dreams are dead
Swim with me into your blackest eyes

A few minutes with me inside my van
Should be so beautiful if we can
I'm feeling something taking over me

I got wiring loose inside my head
I got books that I never, ever read
I got secrets in my garden shed
I got a scar where all my urges bled
I got people underneath my bed
I got a place where all my dreams are dead
Swim with me into your blackest eyes

I got wiring loose inside my head
I got books that I never, ever read
I got secrets in my garden shed
I got a scar where all my urges bled
I got people underneath my bed
I got a place where all my dreams are dead
Swim with me into your blackest eyes

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Prémio Nobel


Jean-Marie Gustave Le Clézio é o mais recente prémio Nobel da Literatura.

Autor de mais de 30 livros não só para adultos, mas também para a infância.

Jornalista de profissão, vê aos 68 anos a sua obra reconhecida com o mais reputado prémio literário internacional. A espreitar num qualquer dia destes...


Fonte:
http://www.jornaldigital.com/noticias.php?noticia=16507

Está a partir de hoje nas melhores livrarias mais um livro de António Lobo Antunes-Arquipélago da Insónia.
Sempre que falo em Lobo Antunes vêm-me à memória os dois momentos em que tive o prazer de privar com ele e sentir a sensibilidade da pessoa única e fragil que é...
Dos momentos mais singulares de fruição e sensibilidade cultural da minha existência.


Hoje é dia da Deusa Felicitas Deusa romana da felicidade, equivalente a Eutychia a deusa romana da Boa Sorte...

Acredito que seja um bom presságio para um dia em que acordei plena de tranquilidade e boa disposição, decidida a recomeçar de novo com a força e alegria de outrora.

Para a frente é que é caminho...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

para pensar...mais

Creio que uma das atitudes fundamentais do homem humano deve ser a de reconhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive; só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe; numa palavra, quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista, optimista não quanto ao estado presente, mas quanto aos resultados futuros. O mesmo terá já dado um grande passo para impedir os ataques, quando aceitar que só puderam existir porque a sua acção não foi o que deveria ter sido; quando se lembrar ainda de que toda a sua coragem se não deve empregar a combater, mas a construir.



Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

para pensar...

Nem paz nem felicidade se recebem dos outros nem aos outros se dão. Está-se aqui tão sozinho como no nascer e no morrer; como de um modo geral no viver, em que a única companhia possível é a daquele Deus a um tempo imanente e transcendente e a dos que neles estão, a de seus santos. Felicidade ou paz nós as construímos ou destruímos: aqui o nosso livre-arbítrio supera a fatalidade do mundo físico e do mundo do proceder e toda a experiência que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podemos transformar em positiva. Para o fazermos, se exige pouco, mas um pouco que é na realidade extremamente difícil e que não atingiremos nunca por nossas próprias forças: exige-se de nós, primacialmente, a humildade; a gratidão pelo que vem, como a de um ginasta pelo seu aparelho de exercício; a firmeza e a serenidade do capitão de navio em sua ponte, sabendo que o ata ao leme não a vontade de um rei, como nos Descobrimentos, mas a vontade de um rei de reis, revelada num servidor de servidores; finalmente, o entregar-se como uma criança a quem sabe o caminho. De qualquer forma, no fundo de tudo, o que há é um acto de decisão individual, um acto de escolha; posso ser, se tal me agradar, infeliz e inquieto.

Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

Máquinas


I certainly haven't been shopping for any new shoes...
And...
I certainly haven't been spreading myself around
I still only travel by foot and by foot, it's a slow climb,
But I'm good at being uncomfortable, so
I can't stop changing all the time
I notice that my opponent is always on the go-And-
Won't go slow, so's not to focus, and I notice
He'll hitch a ride with any guide,
as long as They go fast from whence he came-
But he's no good at being uncomfortable,
so he can't stop staying exactly the same
If there was a better way to go then it would find me
I can't help it, the road just rolls out behind me
Be kind to me, or treat me mean
I'll make the most of it,
I'm an extraordinary machine
I seem to you to seek a new disaster every day
You deem me due to clean my view and be at peace and lay
I mean to prove
I mean to move in my own way, and say,
I've been getting along for long before you came into the play
I am the baby of the family, it happens, so-
Everybody cares and wears the sheeps' clothes while they chaperone
Curious, you looking down your nose at me, while you appease
Courteous, to try and help - but let me set your mind at ease
Do I so worry you, you need to hurry to my side?
It's very kind
But it's to no avail; I don't want the bail
I promise you, everything will be just fineI
f there was a better way to go then it would find me
I can't help it, the road just rolls out behind me
Be kind to me, or treat me mean
I'll make the most of it, I'm an extraordinary machine

extraordinary machine Fiona Aple


terça-feira, 7 de outubro de 2008


Depois de um jantar tranquilo..mais uma noite de ócio e paz...




Sofaaaaaaaaaaaaá!



Imaginário

Se Bosh vivesse nos dias de hoje seguramente seria acessor ou acessorado pelo Tim Burton...

Para espreitar num qualquer destes dias no Museu de Arte Antiga em Lisboa

"As tentações de Sto. Antão"

dEUS

Os belgas dEUS preparam-se para regressar a Portugal nos próximos dias 19 e 21 de Outubro para uma dose dupla de concertos na Aula Magna em Lisboa e no Teatro Sá da Bandeira no Porto, respectivamente.
Tom Barman e os amigos regressam a Portugal para apresentar pela segunda vez "Vantage Point", o seu mais recente albúm...
Se tudo correr como espero, lá estarei também no domingo...na esperança de trautear os velhinhos Instant Street, ou the Architech. :p
Paredes de Coura Mode II

PAZ

"O coração que está em paz vê uma festa em todas as aldeias"

Proverbio Indu

You don't understand me...

You don't understand me
But if the feeling was right you might comprehend me
And why do you feel the need to tease me
Why don't you turn it around
It might be easier to please me
And there's always another point of view
A better way to do the things we do
And how can you know me and I know you
If nothing is true
What do you think that you are doing
Who is the fool the fool or the fool that you are fooling
And baby I just don't see the reason
But in the court of my heart
Your ignorance is treason
And there's always another point of view
A better way to do the things we do
And how can you know me and I know you
If nothing is true
You think you know how I feel
It's not that big of a deal
There's no such thing, it's not real, oh
You don't understand me
But if the feeling was right you might comprehend me
And I don't claim to understand you
But I've been looking around and
I haven't found anybody like you
And there's always another point of view
A better way to do the things we do
And how can you know me and
I know you If nothing is true


Raconteurs consolorers of the lonely 2008

2ª Concurso Vírus 2009-Jornal de Leiria | Livraria Arquivo


Já está disponível o regulamento do 2º Concurso VÍRUS 2009 Jornal de Leiria Livraria Arquivo.
Integrado na programação da 2ª Mostra de Banda Desenhada, Ilustração e Cinema de Animação de Leiria, promovida pela
ECO - Associação Cultural, e a decorrer entre 13 e 15 de Março de 2009, o concurso destina-se a jovens artistas, a partir dos 12 anos, ainda sem trabalhos editados.
Para além do prémio Livraria Arquivo, para o Escalão I do concurso, destinado aos mais novos, e do prémio Jornal de Leiria, para o segundo escalão do concurso, uma selecção dos melhores trabalhos será exposta, durante a Mostra e no mês seguinte ao evento, no espaço expositivo do antigo Banco de Portugal, actual Divisão da Cultura da C. M. Leiria.
Como novidade relativamente ao ano anterior destaca-se a criação de uma nova categoria: Banda-sonora para filme de animação.
O 2º concurso VÍRUS JORNAL DE LEIRIA ARQUIVO em resumo:

TEMASexta-feira, 13

ESCALÕES DE PARTICIPAÇÃO:
Escalão I: dos 12 aos 16 anos
Escalão II: a partir dos 17 anos

CATEGORIAS
Categoria A: Banda Desenhada-
A1 História aos Quadradinhos-
A2 Argumento

Categoria B:
Ilustração

Categoria C:
Cinema de Animação
-C1 Curta-metragem
-C2 Banda-sonora

PRÉMIOS:
Prémio Livraria Arquivo (Escalão I) €200 em material para o vencedor de cada categoria
Prémio Jornal de Leiria (Escalão II)€300 para o vencedor de cada categoria

PRAZO LIMITE PARA ENTREGA DE TRABALHOS31 de Dezembro de 2008

A Virus Conta com a vossa participação!
contactos:
maito:virusbd.eco@gmail.com

Tu estás aqui...




Estás aqui comigo à sombra do sol
escrevo e oiço certos ruídos domésticose a luz chega-me humildemente pela janela
e dói-me um braço e sei que sou o pior aspecto do que sou
Estás aqui comigo e sou sumamente quotidiano
e tudo o que faço ou sinto como que me veste de um pijama
que uso para ser também isto este bicho
de hábitos manias segredos defeitos quase todos desfeitos
quando depois lá fora na vida profissional ou social só sou um nome e sabem
o que sei oque faço ou então sou eu que julgo que o sabem
e sou amável selecciono cuidadosamente os gestos e escolho as palavras
e sei que afinal posso ser isso talvez porque aqui sentado dentro de casa sou outra coisa
esta coisa que escreve e tem uma nódoa na camisa e só tem de exterior
a manifestação desta dor neste braço que afecta tudo o que faço
bem entendido o que faço com este braço
Estás aqui comigo e à volta são as paredes
e posso passar de sala para sala a pensar noutra coisa
e dizer aqui é a sala de estar aqui é o quarto aqui é a casa de banho
e no fundo escolher cada uma das divisões segundo o que tenho a fazer
Estás aqui comigo e sei que só sou este corpo castigado passado nas pernas de sala em sala.
Sou só estas salas estas paredesesta profunda vergonha de o ser e não ser apenas a outra coisa essa coisa que sou na estrada onde não estou à sombra do sol
Estás aqui e sinto-me absolutamente indefeso diante dos dias.
Que ninguém conheça este meu nome
este meu verdadeiro nome depois talvez encoberto noutro nome embora no mesmo nome este nome de terra de dor de paredes este nome doméstico
Afinal fui isto nada mais do que isto
as outras coisas que fiz fi-Ias para não ser isto ou dissimular istoa que somente não chamo merda porque ao nascer me deram outro nome que não merda
e em princípio o nome de cada coisa serve para distinguir uma coisa das outras coisas
Estás aqui comigo e tenho pena acredita de ser só isto
pena até mesmo de dizer que sou só isto como se fosse também outra coisa
uma coisa para além disto que não isto
Estás aqui comigo deixa-te estar aqui comigo
é das tuas mãos que saem alguns destes ruídos domésticos mas até nos teus gestos domésticos tu és mais que os teus gestos domésticos

tu és em cada gesto todos os teus gestos e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como a palavra paz
Deixa-te estar aqui
perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui
perdoa eu revelar que há muito pagas tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos
não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui...

Ruy Belo


Silêncios bons...

“Não digas nada, dá-me só a mão. Palavra de honra que não é preciso dizer nada, a mão chega. Parece-te estranho que a mão chegue, não é, mas chega.(...)Tu não enrolas nem esticas, deixas a mão inerte na minha. Não te apetece apertar-me, não tens vontade de ser terna? Gostava que ma apertasses três vezes, depois eu apertava três vezes, depois tu apertavas quatro vezes, depois eu apertava-te quatro vezes e ficávamoe tempos assim, num morse de namorados. Se calhar sou uma pessoa carente. Se lhar nem sequer sou carente, sou só parvo. Segundo a minha irmã sou só parvo. (...) Dás-me licença que te beije? Não? Não te vás embora ainda, deixa-te estar. Apesar de tudo passámos um bocado agradável, não foi? A mim agradou-me. Gosto do teu cheiro. Se te apetecer voltar toca a campainha três vezes e carrego naquele botão que abre a porta da rua. E se me avisares com antecedência compro um bolo. Quando não estiveres cá e me sentir sozinho como as migalhas que sobrarem. Vou contar-te um segredo: há alturas em que as migalhas ajudam. "

António Lobo Antunes

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Lisbon Revisited

Lisbon Revisited(l923)

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas.
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?

Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço.
Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância — Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz!
Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Veneno :(

Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um pirilampo que só vivia para brilhar.
Ele fugia rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada!
No terceiro dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:
- Posso fazer-te três perguntas?
- Podes-respondeu a cobra.- Não costumo abrir esta boca para dar explicações a ninguém, mas já que te vou comer, podes perguntar.
- Pertenço à tua cadeia alimentar?
- Não!
- Fiz-te alguma coisa?
- Não!
- Então porque é que me queres comer?
- Porque não suporto ver-te brilhar!!!